A discussão sobre um capitalismo de stakeholders é prova animadora de que a comunidade empresarial reconhece que o capitalismo saiu dos trilhos. A crítica óbvia é que, embora os CEOs sejam bons em buscar lucros, não são os mais indicados para ponderar e equilibrar as necessidades do meio ambiente e de outros stakeholders, como já foi dito no The New York Times. Até agora, as ações necessárias para promover um capitalismo de stakeholders foram nitidamente controversas.
Não é necessário que os CEOs sejam responsáveis pelo planejamento dessas ações. O que é necessário é evoluir para um capitalismo sustentável — diferente do capitalismo predatório das últimas décadas. A busca dos CEOs por lucros trimestrais e altos salários desde a década de 1980 resultou em uma versão disfuncional do capitalismo, que faz com a economia o mesmo que o desmatamento faz com as florestas: destrói as condições necessárias para o sucesso a longo prazo, focando excessivamente nos lucros de curto prazo.
Não precisamos reinventar o capitalismo. Só precisamos praticá-lo. Isso significa que as corporações que adotam mecanismos de mercado e criticam a intervenção do governo em tempos de prosperidade não podem mudar de atitude em tempos de vacas magras. Privatizar lucros e socializar riscos não é capitalismo: é roubar no jogo. É importante entender também que praticar o capitalismo não significa insistir em um tratamento especial do governo que beneficie os acionistas à custa de outros stakeholders. Significa tratar o governo como um parceiro essencial nos negócios, um parceiro que mantém a infraestrutura física e social e a estabilidade política que tornam os negócios possíveis.
O trecho acima é uma tradução da Hippo Business do texto It´s time to end slash-and-burn capitalism, escrito por Joan C. Williams e Ro Khanna para a Harvard Business Review.
Confira o texto original: https://hbr.org/2020/10/its-time-to-end-slash-and-burn-capitalism